O CINEP é uma organização civil, sem fins lucrativos que reúne acadêmicos e lideranças políticas indígenas, além de antropólogos e outros profissionais não indígenas, com o intuito de oferecer qualificação formal e assessoria para estudantes universitários e membros do movimento indígena brasileiro. Sua criação ocorreu em novembro 2005, no âmbito de discussões entre membros de organizações indígenas do Brasil. O CINEP recebe apoio financeiro da Embaixada da Noruega (a partir de um acordo firmado em 2008) e tem como parceiros políticos e institucionais, o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), a Universidade de Brasília (UnB), por meio do Instituto de Ciências Sociais (ICS/UNB) e do Departamento de Antropologia (DAN/UNB), o projeto Trilhas de Conhecimentos, a Cooperação Técnica Alemã (GTZ), o Centro Ecumênico de Serviços (Cese), a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).
O CINEP constitui um dos primeiros esforços em se criar uma instituição representativa de uma comunidade acadêmica indígena em âmbito nacional (embora seja importante ressaltar que suas ações estejam voltadas muito mais para funções de apoio técnico e político que propriamente de representação política de uma categoria).
Tendo como um de seus membros fundadores o acadêmico indígena Gersem Baniwa, pode-se considerar o CINEP como um importante resultado dos agenciamentos da rede de participação das populações indígenas no ensino superior brasileiro. Assim, pode-se afirmar que o CINEP é um mediador criado a partir de algumas ações componentes dessa rede, uma vez que teve iniciativa de um estudante de pós-graduação bolsista do programa de ação afirmativa International Fellowship Program (IFP), da Fundação Ford e estabeleceu parceria com um dos principais programas de ação afirmativa para indígenas no Brasil, o Trilhas de Conhecimentos. Por outro lado, pode-se verificar esse agente retroagindo na controvérsia do ensino superior indígena, a partir da observação de algumas de suas ações empreendidas nos últimos ano, como, por exemplo a criação do Observatório dos Direitos Indígenas (ODIN), a organização do I Congresso Brasileiro de Acadêmicos, Pesquisadores Profissionais e Lideranças Indígenas do Brasil, ambas ocorridas no ano de 2009, e o lançamento do livro “Olhares Indígenas Contemporâneos” (2010), que consiste numa coletânea de artigos resultantes de pesquisas de mestrado e doutorado de acadêmicos indígenas defendidas nos últimos anos em universidades brasileiras.
Fontes: